terça-feira, 2 de novembro de 2010

Novo episódio de Polineuropatia Inflamatória

O norte do Brasil tem comidas deliciosas, muitos peixes principalmente. Há duas semanas eu fui a Marabá atender a um cliente. Num jantar comemos uns bolinhos de mandioca e carne seca, fritos. Não sei se foi exatamente isso, mas é o que mais me chamou a atenção. No dia seguinte: diarréia.
Vou poupá-los dos detalhes....
No sábado e domingo, sanada a diarréia eu comecei a me sentir mais fraco, gradativamente.
Na segunda-feira viajei ao Peru, Cusco. Continuava fraco e os tendões da batata da perna começaram a doer, mais rígidos do que o normal. Somando-se a isso a fraqueza nos quadríceps e uma pequena caminhada, o resultado é que estava cada vez mais difícil caminhar. À noite de segunda-feira quase não conseguia andar, estava me arrastando, para subir escadas só com corrimão e dois passos por degrau.
Tentei amenizar com banho de imersão (graças a Deus pela banheira do NOVOTEL), mas não adiantava. Pior: quase não conseguia sair da banheira.
No dia seguinte, levantei-me sentindo as mesmas coisas. Comprei e tomei vários Gatorades, podia ser falta de eletrólitos causada pela diarréia (já tinha acontecido isso antes quando fui para Argentina, mesma coisa. E uma vez nos EUA também, durou uns 3 dias e o Dr disse pra tomar e repor os eletrólitos).
Não adiantou muito.
Voltei para o Brasil e fraqueza continuou.
No domingo à noite eu vim para os EUA. No aeroporto eu já sentia que a fraqueza tinha aumentado, mas fui andando bem devagar, consegui chegar em San Jose com muito custo. Peguei as malas e consegui chegar até  a HERTZ. Fraco, mas consegui chegar ao hotel. Não só a fraqueza nas pernas, coxas principalmente, tendões rígidos, mas também a fraqueza nos braços.
Desci para almoçar, quase não conseguia levar o copo à boca, mas não sentia dores. Levantei, fui caminhando na direção do elevador quando dei um pequeno tropeção e cai de quatro no chão. Não conseguia me levantar. Fiquei ajoelhado com apenas o joelho esquerdo no chão e tentei fazer força para me colocar em pé, mas não dava. Veio o pessoal da cozinha me ajudar, mas sozinho eu não consegui forças suficientes para levantar. Com a ajuda de dois cozinheiros fortes eu levantei. Na verdade foram eles que me colocaram em pé. Sentei por algum tempo numa cadeira. Me trouxeram uma banana (disse a eles que poderia ser falta de potássio). Foram muito amáveis, muito mesmo. Nunca vi nada igual nos Estados Unidos. Um deles era o Chef, Sr Luis Dinis, de Portugal, e o outro era o Ritz, das Filipinas.
Me acompanharam até o meu quarto. Fui andando com medo de cair, mas cheguei até lá.
Não tinha jeito, liguei para o meu médico. Lá do Brasil e sem exames não daria pra fazer muita coisa, isso eu já sabia, mas tinha de pedir orientações. Poderia ser falta de eletrólitos, ainda por causa da diarréia que foi forte, mas sem um exame não dava pra saber.
Agora vem a segunda parte da história: hospital em Santa Clara.
Procurei um hospital nas redondezas e fui de taxi até o Santa Clara Valley Medical Center. Fiz o meu cadastro e a enfermeira tirou meus sinais vitais. Esperei uma hora e passei por um clínico que incrementou a minha ficha com informações sobre a Guillain Barré e CIDP. Esperei mais uma meia-hora e colhi sangue. Esperei mais 90 minutos e fui chamado para conversar com um neurologista (devia ter uns 20 anos ou menos) que parecia entender bem da doença. Me fez mais um monte de perguntas e todos os mesmos testes que eu já estou acostumado para medir a força, reflexos etc...Os resultados dos exames não apontavam nada de errado com os eletrólitos ou qualquer outra coisa. Isso queria dizer que não dava pra saber o que estava acontecendo. Super cansado, com sono e com fome saí do hospital umas 10:30 da noite, passei quase 7 horas lá entre esperas e exames. Voltei pro hotel com a mesma fraqueza. O médico concluiu que poderia ser um "flash" de GBS (Guillain Barre Syndrome) e que eu tivesse muito cuidado e atenção para a respiração. Ao sinal de dificuldade para respirar, ligar pra 911 e voltar para o hospital.
Liguei para o Dr Rodrigo e expliquei tudo. Ele acha difícil ser um flash de GBS, porque não é assim que acontece; a não ser que fosse um novo contato com novo agente virótico. Será que poderia ser alguma bactéria causadora da diarréia (durou mesmo só um dia)?
A diferença entre o que eu estou sentindo agora e a GBS de 2006 é, principalmente, a intensidade da fraqueza. Em 2006 eu parecia mais fraco, mas estava também com quadro gripal o que não tenho agora. Se desse para separar o quadro gripal da GBS de 2006 será que a fraqueza seria igual ao que eu sinto agora?
Em 2006, apesar da fraqueza, não parecia que eu ia cair. Hoje, mesmo em pé, parece que eu vou cair, que meus joelhos vão dobrar; foi isso que causou a minha queda no restaurante. Além disso, sinto os braços pesados; não senti isso em 2006 e nunca depois da GBS.
Dr. Rodrigo continua achando que é falta de potássio, apenas com os sintomas e com o pouco de informação que consegui passar a ele.
O perigo da GBS é que a piora respiratória pode acontecer muito rápido. Coisa de um dia. Nesse caso, não se deve esperar e ir correndo para o hospital para ser medicado corretamente.
Será que é uma nova GBS, mais amena?

Vou ficar observando.

Nenhum comentário:

Postar um comentário