San Jose, California, 8:00 AM de sexta-feira dia 12 de Novembro de 2010. Começou a jornada.
Sobe na cadeira de rodas (elétrica). Bendita cadeira que me devolveu a mobilidade.
Desce até o lobby do hotel e espera pelo táxi.
8:30 AM taxi especial para cadeira de rodas chega e lá vamos nós para o aeroporto.
Tom é um motorista de taxi para pessoas desabilitadas, foi o primeiro americano e motorista de taxi que eu conheci em todos esses anos. Já viajou o mundo durante os anos 80, com os hippies e hoje é motorista. Fiquei impressionado com a sua cultura. Me pareceu que estava feliz com seu trabalho e o tinha por opção, mais do que por falta de escolha. Disse que o problema do mundo são os muitos idiomas que impedem as pessoas de se comunicarem e de se entenderem.
8:55 AM Aeroporto de San Jose. Baixamos a cadeira, me sentei e lá fomos até o check-in.
9:00 AM Check-in da Continental. Sem nenhum aviso prévio, o check-in começo às 10AM :(
10:15 AM Check-in terminado, rumo à segurança do aeroporto. No caminho encontrei um casal de velhinhos. Ele, sentedo num scooter de três rodas, como esses de shopping centers, e a senhora ao lado. Também iam para Houston, mesmo vôo que eu. Imediatamente ele me cumprimentou: "Legal a sua cadeira. Deve ser pesada. Vai levar até a porta do avião?", perguntou. "'E é pesada sim, vou dirigindo até o portão", respondi. Conversamos mais um pouco e nos despedimos. Fui para o elevador.
10:30 Checkpoint de segurança. Passei pela fila de desabilitados e tive de ser revistado "manualmente". Pelo menos o agente estava de luvas. Disse: "vou ter de passar a mão nas suas partes sensíveis; mas, nessa hora, usarei as costas da mão". "Que alívio!", pensei. Será que esses caras gostam desse serviço? Ainda me perguntou se eu precisava de uma "revista privada".
10:45 AM Na área de embarque. Passei pelo Starbucks pra pegar uma salada de frutas. Encontrei os velhinhos de novo. "Oi, to aqui de novo", eu disse. A senhora que era uma graça de pessoa respondeu "Muito bonita a sua cadeira. O scooter dele é bem leve e pode ser desmontado. Eu mesma consigo levantar".
"Legal", respondi.
"Posso perguntar porque você está usando essa cadeira?", continuou.
"Claro. Tenho uma doença chamada CIDP, um tanto parecida com esclerose múltipla", respondi.
"Ah! Sério? A mesma coisa que tem o meu marido."
Sem dizer nada eu pensei "só que eu tenho 40 anos e ele deve ter uns 75".
Fomos conversando até o portão, fizemos a parte do check-in no portão e embarcamos para Houston. Fui com a minha cadeira até a porta do avião e depois foi colocada no compartimento de carga.
4 horas até Houston, 2 de espera em Houston e mais 9 até São Paulo.
Tudo correu bem e agora eu estou em casa, sentado na minha cama, graças a Deus.
Estou de volta em minha casa; tudo é mais fácil.
Meu irmão me buscou no aeroporto, almoçamos com a família e depois me trouxe para casa na companhia de meu pai.
Agora é retomar o tratamento na semana que vem.
As pernas e braços continuam fracos, mas deu para subir a escada de pé em pé, devagar, mas sem problemas.
Até aqui me protegeu o Senhor. Que alegria é sentir o seu cuidado a cada minuto. Louvado seja!
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